quinta-feira, 17 de setembro de 2015

7 passos para arruinar uma entrevista de emprego

Fracasso: nenhuma atitude é tão comprometedora quanto desqualificar chefes e colegas do passado

São Paulo - Nem um currículo impecável, nem recomendações de peso: nada pode compensar os efeitos de uma entrevista de emprego catastrófica.
Uma receita infalível para o fracasso é combinar ignorância com prepotência, na visão de Rafael Souto, CEO da consultoria Produtive.
“Não há nada pior para um recrutador do que um candidato que quer ‘dar pitaco’ sobre o que claramente não entende”, diz ele.
Na verdade, existem formas quase infinitas de garantir o "não" na fase presencial de um processo seletivo. Mas alguns erros são mais comuns do que outros.
Com a ajuda de especialistas, EXAME.com compilou as 7 posturas mais frequentes de candidatos barrados em entrevistas. É o que você verá a seguir:
1. Chegue atrasado e não peça desculpas
Para começar com o pé esquerdo, nada melhor do que desrespeitar o horário marcado com o recrutador - e, de quebra, não demonstrar a menor preocupação com isso.
Segundo Ricardo Ribas, gerente-executivo da Page Personnel, pequenos atrasos são relativamente aceitáveis em cidades grandes, mas se tornam imperdoáveis se o candidato não pede desculpas e nem justifica a ocorrência.
2. Comece a conversa falando mal do emprego anterior
Nenhuma atitude é tão comprometedora quanto criticar e desqualificar chefes e colegas do passado, diz Rafael Souto, CEO da consultoria Produtive.
“A mensagem que fica para a empresa contratante é que o candidato pode fazer isso com qualquer empregador, inclusive com ela própria”, afirma.
3. Mostre desconhecimento sobre a sua própria trajetória
Segundo Ribas, ter um discurso impreciso e contradizer informações apresentadas no seu currículo são sinais claros de despreparo para qualquer recrutador.
Se o candidato é vago ou incoerente durante a entrevista, duas hipóteses são consideradas: ou ele não domina a sua própria história profissional, ou está mentindo.
4. Descreva-se como um super-herói
Souto diz que muitas pessoas tentam vender uma ideia de que todos os seus resultados foram maravilhosos - e tudo graças a elas.
Além de soar arrogante, essa atitude mostra que o candidato desconhece ou subestima a importância do trabalho em equipe. “É justamente o que as empresas não querem mais atualmente”, afirma ele.
5. Apresente uma pretensão salarial totalmente aleatória
Nem todos os recrutadores perguntam qual é a remuneração pretendida pelo candidato. Mas, se esse for o caso, lançar um valor qualquer à mesa é uma péssima ideia.
Isso porque candidato precisa mostrar o raciocínio que o levou a pedir um determinado salário, diz Souto. Se não é assim, soa como uma aposta.
6. Ao final, não pergunte nada (ou pergunte algo desnecessário)
Para Ribas, profissionais que não questionam nada na entrevista transmitem falta de curiosidade pela empresa e até desinteresse pela vaga.
Também é problemático encher o entrevistador de perguntas sobre assuntos irrelevantes. “Não é o momento para querer saber sobre a marca do carro a que a equipe comercial terá acesso, por exemplo”, diz ele.
7. Nos dias seguintes, pressione o recrutador por um retorno
A má impressão causada por um candidato pode continuar mesmo semanas depois da entrevista. Basta ligar e mandar e-mails insistentemente para o recrutador cobrando por uma resposta, diz Ribas.
Além de transmitir ansiedade e insegurança, a postura por si só é irritante. “É melhor perguntar ao recrutador qual é o prazo para a conclusão do processo seletivo e esperar pacientemente até a data”, aconselha o especialista.

Fonte: Exame.com 19/05/15

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Perdeu o emprego? Veja o que fazer com as dívidas


Angelo Pavini

São Paulo - O aumento do desemprego neste ano vem com um fator que agrava a situação das famílias: o alto endividamento.
Incentivadas a consumir e tomar empréstimos nos últimos anos, muitas famílias já vivem no limite da renda, que foi reduzida pela inflação. E o desemprego pode piorar ainda mais o cenário.
A expectativa é que a inadimplência aumente nos próximos meses, diz Godofredo Barros, sócio da Ipanema Credit Management, empresa especializada na compra de créditos vencidos de bancos e cobrança.
Ele faz algumas sugestões para quem perder o emprego e tiver dívidas, para evitar um prejuízo ainda maior. “Nessas horas, a empresa de cobrança também tem de ter a consciência de que é preciso paciência, pois o devedor não tem como pagar se não tem fonte de renda”, diz.
A primeira sugestão de Barros para quem perdeu o emprego é entender as dívidas que a família tem, qual o valor total, o tipo de empréstimo e o custo de cada um.
Não se deve esquecer de dívidas que ficam fora do banco, como o cartão de crédito ou financiamentos de lojas.
Depois, é preciso procurar o credor e avisar que perdeu o emprego e não terá como pagar as parcelas. É importante o credor saber o motivo da inadimplência, até para pensar em uma solução que garanta a retomada dos pagamentos o mais rápido possível.
O terceiro passo é tentar renegociar as dívidas e trocar as que tenham custo mais alto por outras mais baratas. “As dívidas com cartão de crédito ou cheque especial, com juros de 10%, 15% ao mês, devem ser trocadas por crédito pessoal ou outras linhas o mais depressa possível para não virar bola de neve”, diz.
Na renegociação, Barros diz que o devedor deve exigir que a proposta seja encaminhada para o comitê de crédito do banco. “O gerente às vezes não tem muito interesse em renegociar”, diz.
Outro cuidado é com as “pegadinhas” na renegociação. “Às vezes o gerente renegocia só os créditos dele e ficam de fora as dívidas com o cartão de crédito, que são as mais caras”, diz Barros. “É preciso que a renegociação englobe todas as dívidas”.
O valor também deve ser realista, dentro do que a pessoa pode pagar no futuro, talvez com uma renda mais baixa, para evitar que ela volte a dever em alguns meses.
Uma atitude fundamental é entender o orçamento doméstico, definindo quais são as despesas que não podem ser evitadas, como aluguel, água, luz, transporte, e cortando despesas que não sejam essenciais, mesmo as pequenas.
“É o café da manhã na padaria, o almoçou ou jantar fora, coisas pequenas que, no fim do mês, representam parcelas significativas do orçamento”, observa.
É preciso também mudar hábitos, até mesmo o lazer, o que não significa deixar de se divertir. Barros dá o exemplo da família que vai passear no shopping. “Isso para quem não tem dinheiro é masoquismo.” A opção são parques ou programas gratuitos, como shows ao ar livre ou vídeos no lugar do cinema.
No orçamento, deve ser separado um valor para saldar as dívidas mais importantes ou que tenham o custo mais alto.
O devedor deve também admitir que tem um problema e buscar alternativas para a perda de emprego.

“Às vezes a classe média, por orgulho, não aceita um salário mais baixo, não muda de profissão, insiste em um setor que já não tem futuro ou está saturado e demora a tomar consciência de que é preciso mudar de ramo ou atividade”, diz.
É importante também manter o canal de comunicação aberto com o credor, para facilitar eventuais renegociações.
Segundo Barros, também as empresas de cobrança terão de entender a situação de desemprego dos devedores.
“A abordagem tem de ser diferente, um pai de família que perdeu o emprego ou mesmo um aposentado que se endividou demais têm de ser entendidos”, diz.
Em alguns casos, a saída será dar mais tempo para o devedor ajustar sua vida. “Forçar uma cobrança numa situação dessas pode acabar obrigando o credor a dar um desconto maior na renegociação, o que também não interessa ao banco ou à financeira”, explica.
É importante também orientar os devedores, que às vezes não entendem de onde veio a dívida e por que ela é muito maior que o valor original. “Quanto mais informado por consumidor, mais rápido ele sai do endividamento”, afirma Barros.
Ele observa que as pessoas reagem de forma diferente quando entendem de onde veio a dívida. “É diferente você dizer que alguém tem uma dívida de tanto e vai ser negativada de lembrar que ela comprou o material de construção no depósito perto da casa dela e é preciso acertar a situação”, explica Barros.
“A grande maioria das pessoas quer regularizar a situação, não quer ficar devendo, mas muitas vezes não entendem o problema ou não sabem se organizar para pagar”, diz.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quer se comunicar melhor? Aprenda a ouvir

Uma comunicação de confiança tem menos a ver com quanto você diz e mais a ver com quanto você ouve

Conor Neill

São Paulo -- Um de meus primeiros mentores me disse: “Nunca confunda uma circular com a realidade”. Como jovem ingênuo de 22 anos, eu supunha que o pessoal de meu escritório compartilharia as informações de modo aberto e transparente a fim de atingir o objetivo comum da companhia. Precisei de várias semanas para encarar a realidade — não é possível eliminar a política das interações humanas.
Trabalhei em 13 empresas distintas, em quatro continentes, e em todas elas havia uma grande di­ferença entre o que diziam as regras do “como deve ser feito” e do que era realmente feito. Na verdade, esse problema ocorre não só nas com­panhias mas também entre casais, famílias, times esportivos, pais e escolas etc. Há um desafio de entendimento quase em todos os âmbitos que requerem ação coordenada.
Por que é tão difícil a comunicação? O fato é que nós julgamos a nós mesmos por nossas intenções, enquanto os outros nos julgam por nossas ações. Quando eu dou algum conselho a um colega, mes­mo que a intenção seja facilitar seu trabalho, ele reage com irritação, pois considera que estou cri­ticando seu jeito de fazer.
Essa é a essência do que é difícil na comunica­ção: nós vemos as ações e ouvimos as palavras do outro. O empresário que chega 8 minutos atrasado a uma reunião e depois proclama a importância “de respeitar os colegas” se mostra incoerente. Sua ação diz muito mais do que suas palavras.
Quando um líder de uma empresa me pede ajuda para a comunicação de sua liderança, eu me concentro em suas atitudes. Sua agenda demonstra que ele realmente leva em conta as pessoas que diz ser importantes? Se não for assim, primeiro devemos resolver isso.
Uma comunicação de confiança tem menos a ver com “quanto você diz” e mais a ver com “quanto você ouve”. Não é a quantidade de informação que cria a confiança corporativa, mas, sim, quanto a organização sente que as pessoas estão ouvindo e atendendo o que está sendo comunicado.
Nós acreditamos em pessoas reais, não em atores. Confiamos no indivíduo quando suas ações são coerentes com as palavras que diz. Nenhuma circular consegue esconder uma realidade que não aparece como mensagem por direito próprio. Como disse Mahatma Gandhi uma vez: “Minha vida é a minha mensagem”.